sexta-feira, 7 de setembro de 2007

08 - ANEXOS

MOÇÃO

Moção de pesar pelo falecimento de
NIZE TEIXEIRA DE VASCONCELOS
17/10/1989 – processo nº 1.458/89

Processo 1.500/89 – 24/10/1989 – Lei 4.939
Projeto nº 185/89 – Denomina Rua Nize Teixeira de Vasconcelos

Art. 1º - Fica denominada RUA NIZE TEIXEIRA DE VASCONCELOS a Rua Projetada A, com início na Rua Prudêncio Bessa e término em terras de terceiros no loteamento da Chácara São Lino.
Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Sala das Sessões, 24 de outubro de 1989.
Roberto Ribeiro de Souza

JUSTIFICATIVA

NIZE TEIXEIRA DE VASCONCELOS, nascida aos 16 de agosto de 1902, filha de José Nunes Teixeira e Antônia Felisminda Teixeira, nesta cidade. Foi casada com o Sr. Francisco Pinto de Souza Vasconcelos, nascendo desta abençoada união a filha Ilze Maria, que por sua vez, aumentou a árvore genealógica de Dona Nize com três netos e três bisnetos.
Com seus 87 anos, D. Nize, ou melhor a conhecidíssima “Mulata Teixeira”, como carinhosamente era chamada por todos quanto a conheciam de fato e de fama, conseguiu elevar o nome de nosso município a alturas dificilmente igualadas. Começando o seu trabalho com o produto mais popular do nosso artesanato e associando boa dose de criatividade, aliados, ao seu prodigioso paladar, “Mulata Teixeira”, como bem fez jus ao título de “Rainha do Chuvisco”, levou este principal doce de nossa região para muito além de nossas fronteiras.
Criadora também, dos doces modulados, com formas de frutas, foi possuidora de grande popularidade no meio político nacional desde os tempos do saudoso Presidente Getúlio Vargas até os dias de hoje, sendo que o falecido deputado Alair Ferreira, costumava encomendar-lhe chuvisco para presentear autoridades políticas em Brasília.
Tanto se destacou como excelente doceira, que ensinou a sua arte para os já famosos doceiros da não menos famosa Confeitaria Colombo, do Rio de Janeiro e seus doces eram presença obrigatória em todas as festas da sociedade campista.
Por ironia do destino, esta criatura que criou uma “griffe” com sua confecção de doces, tornou-se diabética, mas continuou com a sua fabricação, mesmo sem poder prová-los, pois o seu paladar estava em suas mãos. De acordo com a Revista Globo Rural – “poucos brasileiros conseguiram fazer tanto sucesso em Paris, como a nossa querida “Mulata Teixeira” o fez, mesmo sem sair do Brasil”.
Aos 16 dias do mês de outubro de 1989, “Mulata Teixeira” parte para um outro plano de existência, nos deixando a sensação de que a vida com a sua presença nos parecia mais doce.
Sala das Sessões, 24 de outubro de 1989.
Roberto Ribeiro de Souza

Publicado no Monitor Campista de sábado 11/11/1989.

Os Vereadores José de Almeida Rangel e Adílio Velasco da Silva assinaram o parecer e aprovaram o projeto.

Na época:
Presidente da Câmara Municipal: Carlos Alberto Tavares Campista
Prefeito Municipal: Anthony William Garotinho Matheus de Oliveira

O Prefeito Garotinho sancionou a Lei 4.939 de 27 de novembro de 1989, na mesma data, que foi publicada no Monitor Campista em 01/12/1989.


DEPOIMENTO DE ILZE DE MARIA – FILHA DE MULATA TEIXEIRA

ILZE DE MARIA VASCONCELLOS MAULER
(filha de Mulata Teixeira)
Transcrito e escrito conforme declarações prestadas por telefone

Na verdade, a minha mãe, Nize Teixeira de Vasconcellos, conhecida como Mulata Teixeira, ganhou esta receita de uma pessoa do Rio de Janeiro, que estava em Campos. A partir desse momento, ela foi quebrando a cabeça até achar o ponto ideal na fabricação do chuvisco.
Minha mãe era uma pessoa muito simples, e não gostava de aparecer, mas eu não sei como ela se deixou entrevistar por uma equipe da Revista Globo Rural, cuja reportagem foi publicada pouco tempo antes dela falecer.
A fama de mamãe era tanta que uma vez quando o ex-presidente Getúlio Vargas visitou Campos, ele veio até aqui em casa para saborear os chuviscos. Além dele, o ex-presidente Juscelino Kubitschek encomendava os chuviscos produzidos por ela. E estes eram saboreados lá no Palácio do Alvorada, em Brasília. O chuvisco produzido por minha mãe chegou a ser levado para fora do país, como por exemplo, Paris.
Infelizmente há coisas que não gostamos de lembrar, principalmente sobre a morte dela e de meu pai, que faleceu pouco tempo depois. Mas minha mãe viveu até os 89 anos, e faleceu em outubro de 1986.
O maior prazer dela era passar o dia na frente de seu fogão à lenha cozinhando, criando e inúmeras receitas.


DEPOIMENTO DE VERA LOUBACK

VERA LOUBACK

Presidente da CooperDoce
Depoimento escrito e transcrito

O chuvisco, ambrosia, papo de anjo e fios d’ovos são doces portugueses que vieram para o Brasil com a Família Real, e aqui a Côrte difundiu os saborosos doces que eram a preferência do Imperador.
Em Campos quem surgiu trazendo a maravilha deste doce, o chuvisco, que também era chamado de “pingo de ouro”, foi a conhecida e famosa doceira Mulata Teixeira.
Campos é conhecida não só como a terra do chuvisco, mas também a terra dos doces e suas famosas doceiras. Entre elas estão: Maria Ilza Cordeiro, Marta Lorenz, Waldéa Ciaprino, Almira Pessanha, Maria Eugênia Moraes de Souza e muitas outras.
A Cooperdoce é a única Cooperativa de doceiras, no Brasil, fundada por mulheres e consta no livro de cooperativas. Está no Estado do Rio e no município de Campos.
No início as doceiras utilizavam o Creme de Arroz, como produto principal para fazer a massa, mas hoje em dia, com o custo elevado desse produto, as doceiras estão utilizando uma mistura do Creme de Arroz, com um trigo de boa qualidade, e mesmo com essa mistura o chuvisco não perde o sabor tão característico, e as doceiras ainda ganham na quantidade, pois uma caixinha de Creme de Arroz, não dá para fazer uma quantidade muito grande do chuvisco.
O chuvisco, que até ontem era um doce eminentemente artesanal, hoje é produzido em larga escala no município por três empresas: a Cooperdoce, a Doces Nolasco, a Doces Caseiros Boas Novas e também pelas principais docerias do município, como a M. Eu... Doce, e a Marry & Quel.
Muito antes de surgirem as indústrias as inúmeras famílias da sociedade campista, compravam os chuviscos com as doceiras de fundo de quintal. Até que a mais de cinqüenta anos surgiu a Doces Nolasco e industrializou a produção do chuvisco. Depois surgiu uma outra indústria, a Tempestade, mas que fechou a quase vinte anos, e uma parte do seu patrimônio foi adquirido pela nova administração da Doces Nolasco, que está mantendo a tradição do nome e da marca a mais ou menos vinte e oito anos.
Em 1984, a Maria Eugênia criou a M. Eu... Doce, chegou a ter três lojas, mas hoje conta apenas com uma, na Praça São Salvador. Até que em 1990, nós criamos a Cooperativa de Doces de Campos, Cooperdoce. E agora há pouco tempo surgiu a Marry & Quel.
Campos sempre foi considerada como a terra do chuvisco, mas depois que o ex-prefeito Anthony Garotinho ganhou projeção nacional, e a mídia utilizou o nome do doce de forma pejorativa, as vendas de chuviscos aumentaram. Tem dia que é tão grande o número de pessoas que muitas delas ficam no portão esperando a vez de comprar doces. E nós aqui temos uma boa clientela, principalmente quando policiais militares vêm fazer uma visita ao quartel aqui do lado, e acabam levando o chuvisco, para saborearem com a família, ou com os seus superiores.

VARIEDADES DE CHUVISCOS
em calda
cristalizado
em calda com nozes
em calda com passas
chuvisco caramelado
chuvisco com calda de chocolate
chuviscos cristalizados coloridos

RECEITA DO CHUVISCO

Ingredientes

12 gemas

2 colheres (sopa) de creme de arroz

2 colheres (sopa) de farinha de trigo

1,5 kg de açúcar

6 xícaras (chá) de água

1 colher (sopa) de baunilha

Modo de Fazer

Separe as claras das gemas, passe em peneira e junte o creme de arroz e a farinha de trigo. Misture tudo bem, sem bater, cubra com pano úmido para não ressecarem, enquanto espera a calda. Com o açúcar e a água faça uma calda rala. Separe metade dessa calda em uma tigela e junte uma colher (sopa) de baunilha. Na calda que ficou no fogo fervendo, vá pingando com duas colherinhas (café), bolinhas da massa de gema, quando cozidas, retire-as com uma espumadeira e coloque na calda de baunilha.OBS: Se a calda engrossar, vá pingando água quente para conserva-la sempre rala.

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