sexta-feira, 7 de setembro de 2007

04 - DESCRIÇÃO DA PESQUISA

Ao iniciar a pesquisa sobre o chuvisco, a primeira coisa que veio a mente é procurar uma indústria e tentar descobrir alguma informação sobre este doce. E por conhecer a presidente da Cooperdoce, Vera Louback, procurei-a e expus o motivo da minha pesquisa.
Curiosamente, ela já havia feito estudos sobre a origem deste doce, e assim através de informações, ela fez um pequeno relato sobre a origem do chuvisco, bem como da iniciativa das 25 doceiras que resolveram criar a Cooperdoce.
Das muitas doceiras que existiram no município, algumas ficaram famosas, como Maria Eugênia de Moraes e Souza, Maria Ilza Cordeiro, Marta Lorenz, Waldéa Ciafrino, e Almira Pessanha, além de outras cujos nomes infelizmente não consigo lembrar, mas que também fizeram fama no município.

Em seu relato, ela revelou que,

a receita deste doce só veio para Campos, porque a doceira mais famosa de Campos, Mulata Teixeira, trouxe a receita e acabou ensinando muitas mulheres da época a fazer esse doce. Assim, esta receita foi transmitida de geração para geração, sempre de mãe para filha.

Por outro lado, utilizando-me de um site de pesquisa da internet, o Google (www.google.com.br), consegui encontrar diversos endereços onde se pode encontrar a palavra chuvisco. Ao fazer uma análise da palavra, encontrei-a com diversas características além daquela que foi alvo desta pesquisa, o doce.
Dos endereços pesquisados e analisados, somente dois informaram que a origem do doce é de Portugal, o site oficial da Prefeitura de Campos dos Goytacazes
http://www.campos.rj.gov.br/subdivide/turismo); e o site da Doceria M. Eu... Doce, www.meudoce.com.br. Nos outros endereços pesquisados onde há receitas sobre o doce http://www.geocities.com/docesefestas/chuvisco.html), http://www.fornoefogaoecia.com.br/motor.asp?R=1037&T=1), www.laguna.com.br, as informações são completamente contraditórias em relação à pesquisa efetuada, e alegam que o doce é originariamente campista.
Recebi da presidente da Cooperdoce, Vera Louback, duas edições de jornais diários do município, o primeiro, o Jornal A Cidade, de 1º de agosto de 1999,


onde se destaca uma enorme foto de uma doceira retirando chuviscos já cozidos de uma panela em fotografia produzida por Wilson Tavares Jr., acompanhada de uma legenda da foto com o título “CHUVISCOS PARA O BRASIL”, e na página 3 do mesmo jornal,


com o título “Produção de doces terá associação – Secretaria de Indústria e Comércio, com apoio do Sebrae e do Senai, quer abrir mercado e estimular novas empresas”, encontra-se uma matéria de pouco mais de um quarto de página, relatando que no dia 29 de julho de 1999, houve uma reunião entre o Subsecretário de Indústria, Comércio e Turismo, Lucena Júnior e a presidente da Cooperdoce (Cooperativa de Doces de Campos), bem como outros representantes de firmas de doces. Na reunião foi resolvido que seria feito estudos para a implantação da Associação dos Fabricantes de Doces de Campos, cujo objetivo seria o de divulgar a produção de doces campistas em outros centros.
Na entrevista para o jornal A Cidade, Vera Louback contou das dificuldades, como os gastos com os impostos, a falta de incentivos na produção de ovos em larga escala dentro do município, e a necessidade de comprar vidros e tampas através de fornecedores de outros estados.
Nesta matéria também foi noticiado que tanto o Sebrae como o Senai dariam o apoio a Associação ministrando cursos para o aperfeiçoamento dos funcionários das empresas. E Vera revelou que muitas doceiras que estavam trabalhando na Cooperdoce fizeram cursos na Fundação Leão XIII. O trabalho da cooperativa é eminentemente social e busca o desenvolvimento da região. E mesmo sem uma divulgação maciça os doces campistas são muito procurados por consumidores de todo o país.
No jornal Monitor Campista, datado de 12 e 13 de maio de 2002, há uma matéria assinada por Nagyla Barreto, com o título “Cooperdoce mantém a tradição bem caseira”, além de um box na mesma página 6 do caderno principal, com o título “Produção deve ser ampliada com projetos em andamento”.


Na matéria publicada a repórter enfatizou a união e o pioneirismo de 25 mulheres que em 1989 criaram a Cooperdoce, mas que no ano de 2002 contava apenas com 18 doceiras. Revelou que a média de chuviscos produzidos era de 2.400 e que eles eram produzidos em larga escala, sem nenhum artifício encontrado na fabricação industrial.
Em um trecho da entrevista Vera Louback, chegou a dizer que o objetivo era investir em marketing, para aumentar o espaço da fábrica e possivelmente receber mais cooperadas, aumentando conseqüentemente a produção de chuviscos da cooperativa.
A reportagem valorizou o lado humano das doceiras e da importância da cooperativa na vida de cada uma delas. Pois a idade se torna um empecilho na conquista de novos empregos, e na cooperativa isso não é um problema.
A presidente da CooperDoce revelou-me também que a filha e a neta de Mulata Teixeira ainda moravam em Campos. E através dos contatos com Márcia (neta), e Ilze de Maria Vasconcellos Mauler (filha de Mulata Teixeira), obtive algumas informações a respeito dessa doceira que foi a pioneira na arte de fabricar chuviscos em Campos.

Na verdade, a minha mãe, Nize Teixeira de Vasconcellos, conhecida como Mulata Teixeira, ganhou esta receita de uma pessoa do Rio de Janeiro, que estava em Campos. A partir desse momento, ela foi quebrando a cabeça até achar o ponto ideal na fabricação do chuvisco.

Ela ainda revelou que:

minha mãe era uma pessoa muito simples, e não gostava de aparecer, mas eu não sei como ela se deixou entrevistar por uma equipe da Revista Globo Rural, cuja reportagem foi publicada pouco tempo antes dela falecer.

Ilze disse também que:

a fama de mamãe era tanta que uma vez quando o ex-presidente Getúlio Vargas visitou Campos, ele veio até aqui em casa para saborear os chuviscos. Além dele, o ex-presidente Juscelino Kubitschek encomendava os chuviscos produzidos por ela. E estes eram saboreados lá no Palácio do Alvorada, em Brasília. O chuvisco produzido por minha mãe chegou a ser levado para fora do país, como por exemplo Paris.

Ilze concluiu o seu depoimento revelando que a doceira mais famosa de Campos nasceu em 1897 e faleceu em outubro de 1986, com 89 anos.

Um comentário:

Unknown disse...

Só queria parabenizar pelo trabalho, sou estudante de arquitetura e as informações do seu blog vão ajudar na fundamentação do meu trabalho.